Férias da Páscoa em modo Bikepacking - Aljezur a Alcoutim - Dia 2

 214 km 🚴🏼‍♀️ 3085 m D+ 🏔️



Acordei ás 6h da manhã para ver o nascer do Sol, ás 7h10 na praia da Arrifana. O dia nasceu com muitas nuvens e Sol nem vê-lo. Na fortaleza de Arrifana, o que me esperava era uma lindissima paisagem do mar. Valeu à mesma a pena acordar cedo!










O dia seria longo, com muito acumulado e, em autonomia, mais desafiante seria a etapa. Sabia que estava preparada para tal proeza, já percorri rotas em BTT bem piores e tenho o psicológico bem treinado. Conheco-me bem, é muito raro o homem da marreta me apanhar mas nunca se sabe!

Sai da Arrifana por volta das 7h30. Tinha mais de 12h de luz e o melhor é que ia terminar esta dura etapa na casa de amigos.

Conhecia partes do percurso e sabia que a 1' dificuldade do dia era subir a serra por Marmelete. No Verão passado, tinha subido por lá e jurei para nunca mais passar por lá! 🤣 Vinha de casa, mais de 250 km nas pernas, com mochila ás costas e cheia de dores nos pés. Na altura, não foi fácil!

Desta vez, sabia o que ia enfrentar e poupei-me em todas as subidas mais inclinadas. Por vezes, lá subia em pé que é como eu adoro subir mas tentava não abusar. Não podia desgastar-me! Fui subindo devagarinho, sempre a esperar sentir uma maior dificuldade. Chego a Marmelete, de sorriso de orelha a orelha. Desta vez, não tinha sido tão complicado subir por ali. Claro q não é para meninos "copinhos de leite" mas nas calmas, tudo se faz!




Marmelete estava conquistada! Seguia-se a Fóia. Adorei percorrer a estrada municipal 1067. Estava embrenhada na serra, por alcatrão, numa imensa paz de espirito. Esta estrada é lindissima com curvas e contracurvas e sempre a apreciar uma soberba paisagem!

Ao km 46, com mil de acumulado, fiz uma pequena pausa para atestar a barriga com um bolo torresmo q vinha na mochila (comprado no Rogil). Vi um parque de merendas lindissimo, junto ao alcatrão com uma fonte de água fresquinha. O sitio era ideal para comer e abraçar a Natureza. Havia por ali perto um Moinho de Água, o Moinho do Poucochinho.









Nunca tinha subido pela zona Norte da Serra de Monchique por alcatrão e vale bem a pena ir por ali. É durinho mas igualmente belo!

Ao chegar à Fóia, recordei a Via Algarviana. Chegar ali, em BTT é bem duro! Lembro-me de lá chegar e pensar "a subida por Monchique é para meninos, comparado com a Via Algarviana". É engraçado, a minha mente tem sempre tanto para recordar das minhas travessias de bicicleta!

Chego à Fóia e não dá para desfrutar totalmente da beleza que ela oferece. O horizonte não estava límpido mas estava mais uma parte conquistada! 💪







Desço até Monchique e tinha vontade de ficar ali um pouco numa esplanada mas já tinha estado na conversa com um espanhol na Fóia. O homem nunca mais se calava!!! 🤣 Os espanhóis adoram conversar! Não podia perder muito tempo! A manhã já tinha passado a correr e tinha uns 57 km com 1500 m de acumulado. A parte mais dura do percurso já tinha sido feita mas ainda faltava mais de 150 km com uns 1500 de acumulado. Comi 2 tâmaras medjool a imaginar que era um bife 🤣 e segui viagem. A sorte é que a partir dali, consegui fazer muitos km em pouco tempo pois até Silves, praticamente era a descer.




Na EN266, tive de parar e contemplar as dezenas de cegonhas que por ali estavam, num terreno à beira da estrada, com os seus grandiosos ninhos. É um ponto turistico, haviam mts estrangeiros por ali a fotografar.





Passo em Silves mas só faço uma paragem em São Bartolomeu de Messines para comer o outro bolo torresmo q tinha na mochila e para fazer um xixizinho. Já vinha bem aflita! Isto no monte é bem mais fácil! 😁





Tiro os pernitos e pela 1' vez no ano, os meus "presuntos" apanham Sol. 🤣 Ali parecia que tinha chegado ao Verão. Que brasa!




Adoro pedalar com calor e já tinha saudades do tempo quente. A pedalar, não sentia tanto calor pois o vento vinha a acompanhar-me. Desde a Fóia que ele não me deixou vir sozinha mas nada que me chateasse. Em modo bikepacking, acho que nada nos chateia. Uma pessoa pedala ao sabor do vento, sem qualquer pressa. Só se sente o verdadeiro prazer que é pedalar! Sim, o verdadeiro prazer! Só quem já fez travessias em autonomia, sabe do que falo. Se nunca fizeste, faz e depois sabes o que é ser um pássaro livre.

Passo em Alte e recordo as maratonas da Taça de Portugal XCM que por ali participei. Bem durinhas!

As próximas bombocas durinhas seriam no Barranco do Velho e Cachopo. Subida bem longa mas com força psicológica tudo se ultrapassa com sucesso. A estrada também é bem porreira!





Depois dessas conquistadas, parei numa fonte duma aldeia para abastecer de água e comi uma barrinha de frutos secos. Ia também colocando pastilhas isotónicas num dos bidons. O corpo ainda não está habituado ao calor e é sempre importante repor os sais.

Ali, desconfiava que o tempo estava controlado e não iria chegar de noite. Os meus amigos esperavam-me para jantar e queria também conviver um pouco com eles. Desde o Verão que não os via.

Sentia-me bem, não estava muito cansada, era ir gerindo, que o desafio estava quase conquistado. Claro que as pernas já não estavam frescas que nem uma alface, nunca tinha pedalado com tanto peso na fininha mas estava a adorar! Quando se pedala com paixão, toda a dificuldade se ultrapassa com um sorriso.

Qd cheguei a Martim Longo, parei para comer a última barrinha. Faltavam uns 30 km e estava bem contente por saber que ia conquistar esta etapa tão dura!





A partir dali foi sempre a curtir até chegar a Alcoutim. Antes de ir ter a casa dos meus amigos, fui ao encontro do Rio Guadiana. Aquela paisagem era o troféu que conquistava! Tinha saido de ao pé do mar e agora estava ao pé do Rio, vindo de tão longe!





Estava tão feliz! Tinha adorado o percurso, é top, tudo correu ás mil maravilhas e tinha de agradecer por toda a força que sempre encontrei pelo caminho.

Com força de vontade, tudo se conquista! A vida tem de ser preenchida com bons desafios.




Comentários

  1. As tuas palavras faz sentir os lugares por onde passaste,as fotos estão top👏👏👏

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