1ª etapa Nacional 2 - Faro - Montemor - o - Novo


231 km 🚴🏼‍♀️ 2571 m D+ 🏔️

Uma aventura que eu não estava à espera de viver, a Nacional 2!




Eu já vos explico ...
Quando sai de casa, a pedalar, o principal objetivo era conquistar a etapa desde a Praia de Arrifana até Alcoutim. Depois logo se via! N gosto muito de planear etapas, gosto de ir ao sabor do vento!

A previsão era de chuva em dois dias de férias e joguei pelo seguro quando sai de Alcoutim. Iria até Faro, no dia seguinte apanhava o comboio para Lisboa, regressava a casa e nesses dois dias descansava. Continuaria a viagem de bicicleta em direção ao Norte quando o tempo melhorasse. Essa era a minha ideia inicial!

A minha amiga Corina Chaves mete conversa comigo e pergunta se eu não quero passar a Páscoa a comer folar.
A mãe dela mora na Curalha, perto de Chaves e já não é a 1' vez que por lá fico nas minhas aventuras de bicicleta. Ela estava de férias por lá!

O Tico e o Teco começam a pensar ... "Que é que vais fazer para casa? Apanhar o comboio? Com os euros que gastas na CP, dormes num hostel, ficas a descansar por Faro, fazes umas caminhadas e 4'f arrancas. Para onde? Percorres a N2 e em 4 dias estás em Chaves para passar a Páscoa em boa companhia."

Achava que poderia ser muita "fruta", percorrer a N2, em modo bikepacking em tão poucos dias. Eu gosto de desfrutar do caminho e não gosto muito de só ver alcatrão. A minha religião não me permite!

Gosto de parar, fotografar, falar com a malta da terra, desviar-me e ir ver localidades mas ia tentar! Ia tentar fazer à mesma ao meu modo mas a percorrer muitos km por dia. Sei que resistência não me falta mas nunca se sabe!

Já tinha esta ideia há alguns anos, desde que fiz a N2, de Norte para Sul, no Inverno de 2016, com bicicleta de BTT, em 7 dias. Um dia, iria percorrer esta estrada no sentido contrário. Não sabia era quando! Não era tarde nem era cedo ... Seria agora e com a fininha Jorbi.

A chuva apareceu e eu fiquei por Faro, dois dias a descansar as perninhas! Caminhei por lá 19 km, quando o São Pedro fechava a torneira, comi algumas gordisses regionais, coloquei o sono e a escrita em dia das primeiras três etapas das férias.








Fui ao posto de Turismo, onde me deram gratuitamente o passaporte da Estrada Nacional 2.






Há sitios que se paga 1euro. É um documento onde se pode carimbar nalguns cafés, bombeiros, postos de turismo nos vários municípios da Rota. É uma ideia engraçada que te faz ir em busca de um carimbo para mais tarde recordares a viagem. Acredita que vale a pena!




Há pausas que também são boas pois a caminhar também se consegue usufruir melhor da terra onde estamos. Recomendo a visita ao mercado.





Adoro os cheiros da fruta e legumes, ver aqueles bons figos recheados de amêndoa e não resisto também ás boas gordisses. Recomendo degustarem o pastel de Faro na Confeitaria Alengarve. É de comer e chorar por mais!







Tive também uma visita de um amigo que me ofereceu um coelhinho de chocolate. Um miminho Pascoal! A chuva fez-me abrandar nas pedaladas mas ganhamos sempre algo com isso. Nada na vida é em vão!


4'f (13 de Abril), acordo bem cedo, antes do alarme tocar. Num hostel, tento fazer o minimo barulho possivel pois no mesmo quarto, outras pessoas estão a descansar. Na véspera, já tinha colocado tudo no cacifo que ficava fora do quarto.

Em modo bikepacking, arrumar as coisas dá um pouco mais de trabalho do que colocar tudo numa só mochila como costumo fazer noutras travessias. As bolsas têm de ficar mesmo bem arrumadas e apertadas. Arrumações, tomar o pequeno almoço, ir ao wc (o meu intestino é bem certinho), etc costumo demorar sempre 1h15 a 1h30. Sempre sem stress pois o tempo é todo para mim!

Antes das 7h, saio do Hostel e estou a menos de 1 km do marco 738. Qd o encontro, na rotunda, tiro as fotos da praxe.






Despeço-me de Faro, a ver o nascer do Sol. Tinha saido na hora certa para contemplar aquele bom momento!



Lá vou eu, devagar pois em modo bikepacking só assim se consegue usufruir da viagem. Com muita calma e tranquilidade. O peso é mau para as pernas mas é bom para a alma. A "balança" está equilibrada!

A 1' paragem é em São Brás de Alportel, no Café Cristina. Bebo um cafézinho, dou dois dedos de conversa e carimbo o passaporte. É também esta a ideia dos carimbos. Conversar com as gentes da terra. As palavras de incentivo e de força também são boas de se ouvir para continuar o caminho.





Um amigo tinha me dito, quando passasse em Cortelha, para parar no café (Casa dos Presuntos) que existe em frente ás bombas de combustivel. Havia por lá boas gordisses!






Parei e encontrei logo boa disposição por ali. "Quer colocar gasolina na bicicleta? Assim, vai mais rápido!"
Claro que também ouvi as típicas frases "vai sozinha? ; N tem medo? ; E se tiver uma avaria? ; Ah, ganda mulher corajosa!" Entro e compro para a viagem umas costas com gila. Calorias que sabem tão bem quando se pedala. Dou mais dois dedos de conversa, carimbo o passaporte, compro um porta chaves da N2 e despeço-me daquele lugar com um sorriso. É por isto que a minha "religião" não me permite records. Perdia todas as risadas com a malta da terra.

A serra do Caldeirão estava fresquinha e até pensei que ainda pudesse apanhar uma molha. O céu estava bem cinzento! No Verão, é sempre cá uma brasa! Felizmente, o São Pedro foi bonzinho e não abriu a torneira.



Em Ameixial, contemplo a bonita igreja da localidade e carimbo o passaporte nas bombas de combustivel. Não consumi nada mas tinha por lá gordisses com bom aspecto!




Almodôvar é uma localidade já bem conhecida para mim e adoro as esculturas de ferro que por lá têm nas rotundas. Ao entrar na localidade, vislumbro uma nova escultura, a do mineiro. Está espetacular!





Dirigi-me ao posto de turismo para ganhar o carimbo e não resisto comprar algumas lembranças. Trago um iman e uma caneca.






Isto começa bem! Se compro lembranças em todo o lado, chego a Chaves com mais 1kg de bagagem.
Aproveito a pausa para comer a costa com gila pois a barriga já pedia comida e depois espreito a bonita igreja. Não se pode fotografar mas eu não resisti em tirar uma foto.




Nota-se que a N2 está mais evoluida em termos do turismo! Algumas localidades colocaram murais bem bonitos junto à estrada. As localidades também já têm mais oferta de dormida e comida. Como já fiz em 2016, consigo ver bem a diferença!





Chego a Castro Verde e dou uma volta pela localidade. Apetecia-me umas migas de espargos mas não posso dar-me ao luxo de comer de faca e garfo devido ao tempo. A 1' etapa seria até Montemor, mais de 200 km. Ficaria para uma próxima oportunidade mas fui contemplar a arquitetura da Basílica Real. Estava fechada, não deu para espreitar.








Aljustrel, km 619! O meu track não se desviava para ver a localidade mas o gps não manda em mim!



Vou em direção ao centro, paro no posto de turismo, carimbo, vejo a exposição que por lá está (Gráfica Aljustrelense), e continuo a explorar a localidade.



Sigo até à igreja, onde subo uma boa bomboca! Poucas pessoas devem ter feito o que eu fiz, mas para ver alcatrão, eu fico em casa! Há muito também por lá! Os desvios são necessários para viveres toda a essência da N2.




Em Ervidel, faço uma pequena pausa num jardim para comer e tirar os pernitos. Apesar de o vento estar sempre contra mim, estava calor. Aqui, tive pena de não me desviar até ao centro da localidade mas começo a ver o tempo apertado para chegar a Montemor de dia. Eu levava luz mas seria mais agradável chegar ainda de dia.




Sigo até ao centro de Ferreira do Alentejo, onde vejo uns graffitis bem giros. O carimbo foi posto nos Bombeiros Voluntários pois não quis andar à procura do posto de turismo.





São retas e retas intermináveis pelo Alentejo!
No Torrão, faço uma pequena pausa para o café e para aconchegar o estômago. Ainda tinha um pedaço de Folar do Algarve q me soube maravilhosamente bem! O Manuel Semedo (Grupo do Pedal de Estremoz), seguia-me pelas redes sociais e encontrei-o por lá! Ainda deu para dois dedos de conversa!




Após sair do Torrão, tinha quase a certeza q iria ver o pôr do Sol a pedalar. Sem stress! Tinha luz!


Vou contemplando a paisagem e em Alcáçovas vou ao Restaurante Sabores da Vila, para ter a recordação do carimbo da terra. A senhora q me recebeu com tanta simpatia, falou-me da amiga Mónica que fez a N2, a pé! Já me tinha lembrado tanta vez dela, naquelas retas sem bermas. Percorrer a Nacional 2 , a pé, não é para todos. É preciso uma grande força de vontade!



Vejo o Pôr do Sol a pedalar e a 13 km de Montemor-o-Novo, tenho de ligar as luzes e vestir o colete refletor. O Sebastião vem ao meu encontro para saber se está tudo bem. Digo-lhe que não há problema, que está tudo bem! Ele segue, de carro, e eu continuo a pedalar até Montemor.



O Sebastião Amaro e a Eva Amaro não me conheciam e eu não os conhecia. O Sebastião contactou-me e ofereceu-me dormida e comida. O cunhado dele, Rafael Monteiro, conhece-me e pediu-lhes para me darem guarida. O mundo é pequeno! Só sei que conheci um casal fantástico!




Lembram-se das migas de espargos que me apetecia comer em Castro Verde?! O jantar que este casal me ofereceu foi um bife enorme grelhado com migas de espargos!
😍
Até parece que adivinharam o meu pensamento!
🤣
Até à 1h da manhã, só houve boa disposição! Perguntava-me o Sebastião "então, como é estares em casa de estranhos?" Eu ri-me e disse-lhe "oh Sebastião, se te contar que já dormi num quarto de hotel com um casal de desconhecidos em Pitões das Júnias ..." Abri um bocadinho o meu livro de histórias para eles perceberem a minha dose de loucura nas travessias de bicicleta.
🤣
Depois de jantar, ainda fomos ao Castelo ver a vista mas prometi voltar para conhecer melhor esta localidade.



Eu não dormi na casa de estranhos. Eu dormi em casa de amigos. A amizade nasce quando existe amor e carinho perante o próximo. Obrigada!
A minha 1' etapa da Nacional 2 estava conquistada com sucesso! Encontrei pelo caminho muita paz, tranquilidade, alegria e amizade.

Comentários

  1. Escrito com alma,as pessoas sentem os locais por onde passas.
    Parabéns

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  2. Muito bom, gostei e senti me a pedalar claro aqui sentado,um forte abraço e continua,,,,a vida não para,,,

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