Férias da Páscoa em modo Bikepacking - Póvoa de Santa Iria a Aljezur - Dia 1


222 km 🚴🏼‍♀️ 1576 m D+ 🏔️




As férias da Páscoa estavam a chegar mas ainda não tinha nada planeado. Gostava de ir para Norte mas a previsão do tempo estava a tramar-me. Durante uns dias, o São Pedro podia abrir a torneira. Dois dias antes de sair de casa, sentei-me no sofá à procura de percursos que me inspirassem. Encontrei um desafio bem durinho que partia de Aljezur! O tico e o teco la começaram a pensar e o Norte podia esperar. Ia para Sul, ao encontro do bom tempo! Iria sair de casa a pedalar até Aljezur, para no dia seguinte, enfrentar aquele bom desafio! Fiquei logo em pulgas para viver mais uma boa aventura!

Desta vez, iria fazer uma travessia com a fininha Jorbi e em modo bikepacking. No Verão passado, sofri horrores com dor nos pés e nos ombros devido à mochila. Com a bike BTT, adoro viajar de mochila e já fiz milhares de km assim mas com a bike de estrada, detesto e quis encontrar outra solução para não sofrer na viagem. Tinha de distribuir o peso pela bicicleta e ir mais leve nas costas. A amiga Tita Luis emprestou-me a bolsa de selim e na véspera de sair de casa, andei a organizar o que levaria para a viagem. Estou habituada a levar a mochila e para mim é muito mais fácil arrumar tudo lá mas com calma, lá consegui arrumar tudo. É uma questão de hábito.

Adormeci já passava da 1h da manhã e o alarme tocava ás 4h. Antes duma viagem, é dificil o cérebro se desligar. Até parecia que era a 1' vez q ia fazer uma travessia. 😁🤣 Eu, que já fiz dezenas delas, quase todas em BTT mas nunca com a fininha assim!

O alarme tocou, fui ao wc tonta de sono e voltei para a cama. "Ah, vou mais tarde", pensei eu! O meu subconsciente fez-me saltar logo da cama após esse pensamento 😁 "qual mais tarde? Tens de apanhar 2 barcos, tempo de viagem, tempo de espera, mais de 200 km a pedalar, toca mas é a levantar". Tomei o pequeno almoço, equipei-me e por volta das 5h20 sai de casa. Estava uma temperatura espetacular! Nada de frio e um silêncio maravilhoso!

Ligo as luzes e sigo em direção ao cais fluvial do Terreiro do Paço. Passado 20 km, chego lá e vejo um rapaz a descalçar-se, ajoelhar-se, a beijar o chão e depois levanta-se e começa com as suas rezas. Na capital, vê-se com cada doido! 🤣 Vou eu a tirar bilhete, quando vejo o barco a partir. Bolas, 20 min de espera para o próxima barco para o Barreiro.




Havia a opção de apanhar o barco para Cacilhas e ir até Setúbal mas não gosto muito dos semáforos em Almada e há sempre mais confusão de trânsito. Preferi apanhar o barco para o Barreiro e ir de lá, em direção a Setúbal e apanhar o barco para Tróia. Tb poderia ir por Vila Franca de Xira, passar por Alcácer, Grândola, etc. Seriam mais km, não tinha o tempo de espera dos barcos mas não me apeteceu fazer essa estrada. Queria ir por Tróia que é um alcatrão bem mais tranquilo.

Chego ao Barreiro e não tenho ideia de quanto tempo ia demorar a chegar a Setúbal. Os barcos para Tróia são de hora a hora. Paciência! Era a que hora chegasse. Com o peso, não podia ir tão depressa mas naqueles primeiros km, estava a adorar pedalar em modo bikepacking. Muito mais confortável. Só trazia uma mochila com comida q costumo usar nas minhas voltas.

Pelo caminho vejo uma frase grafitada "Tenho asas e vou voar alto". Sorrio e penso que aquela mensagem era indicada para mim! N tenho asas mas sentia-me como um pássaro livre!




Chego a Palmela e com muita pena, não vou à padaria São Julião porque tive receio de perder o barco.




Chego à cidade de Setúbal perto das 8h30 e quando chego ao cais, o barco tinha partido há minutos. Tenho cá um azar para apanhar barcos! Fico quase 1h à espera do próximo barco. O senhor da bilheteira diz-me "hoje o dia está bom, sem vento, pelo menos por aqui deste lado." O tempo estava cinzento mas vento, por acaso, n havia. Até passar para o outro lado!




Aproveito e como uma ferradura e uma banana. Foram 2h perdidas entre viagens de barco e tempo de espera. Começo a fazer contas para ver se consigo chegar de dia a Aljezur. Tinha luz mas é sempre mais agradável pedalar de dia. Eu pensava q sim, tinha fé! Pensamento positivo atrai energias positivas! 😉




Quase que morro gelada dentro do barco, um frio do caraças e só desejo chegar a Tróia.
Quando chego a Tróia, tenho sempre a sensação que cheguei ao Paraíso pois sente-se muita tranquilidade! Pouco trânsito, silêncio, muita paz ao longo da estrada.

Várias vezes, fiz esta viagem para Grândola. As memórias vêem-me à mente! Não há hipótese! Aquela zona tem um carinho especial no meu coração. Passo Comporta, Carvalhal, Melides e estou sempre a recordar o passado. Não estava triste! Estava nostálgica!

Chego a Sines e faço uma paragem para almoçar. A barriga já merecia com 121 km e uma coça de vento! Pois é, não vos disse ... Quando chego a Tróia, está um Sol maravilhoso mas um ventinho do caraças!

Vou ao Pingo Doce de Sines para não perder muito tempo. Compro sopa e duas empadas. Tinha pão na mochila e fruta. Já era um bom combustivel para continuar a viagem!




Na praia de Sines contemplo o mar! Adoro a estrada que vai desde Sines até Porto Covo. É duma imensa tranquilidade, a pedalar sempre junto ao mar. Em São Torpes, arrepio-me e as lágrimas caiem automaticamente. Estava a ver-me ali com o Telmo. Foram várias as vezes que saimos de Grândola a pedalar até ali. FODASSE! (mil desculpas por este palavra). A vida por vezes é tão injusta!







Nesta viagem, recordo também a viagem Tróia - Sagres que fiz em Dezembro passado. Gosto muito mais de pedalar deste modo, nas calmas e por Sines, a viagem é bem mais agradável do que por Santiago do Cacém. Junto ao mar as pedaladas são sempre melhores!





Ainda não tinha feito uma pausa para degustar gordisses mas desde que sai de casa, eu sabia bem onde é que ia degustar umas saborosas gulodices. 😋 Pausa no Rogil, Museu da Batata Doce. É paragem obrigatória quando venho a solo. Não foi uma, nem duas mas foram 3 gordisses por lá! 🤣 Com tanto km e vento, eu merecia! Azevia de batata doce, bombom de batata doce e pastel de nata e batata doce! A minha barriguinha deu pulos de alegria! 🤣 Ainda trouxe na mochila dois bolos torresmos. Gosto muito e iria dar-me jeito para a viagem do dia seguinte.




Chego a Aljezur ás 18h45 e vou ao supermercado abastecer-me para o jantar e pequeno almoço. A dormida era na Pousada HI Arrifana, a 6 km dali. Queria chegar lá, tomar banho, comer e já não sair para lado nenhum.





Vou em direção ao Castelo com o saco das compras na mão e minha nossa, que boa bomboca! Com tanto peso, tive receio de desmontar mas lá consegui subir a pedalar. Lembrei-me logo do Sérgio Figueiredo, um rapaz que conheci no Rogil em 2017 e que me acompanhou a pedalar até ao Algarve. Ele levava tanto peso na bike! Que máquina! 😁






Os últimos km não foram fáceis! O saco das compras estava sempre a escorregar, tinha de parar, mudar o saco para outra mão e subir as boas das bombocas! Já não me lembrava que se subia até chegar a Arrifana. 😁

Cheguei lá no momento certo para apreciar o pôr do Sol no horizonte! Ás 20h, estava a entrar na pousada. Tinha somente reservado a dormida no Rogil mas correu tudo bem. N dormi ao relento! 🤣



Apesar da coça de vento, fui muito feliz ao longo de todo o caminho.




Este percurso não foi novidade para mim mas por vezes também é porreiro percorrer caminhos onde já fomos felizes e onde temos tantas memórias para recordar. Recordar é viver e seguir em frente também!





Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Uma excelente iniciativa voltar a escrever.
    Terminaste o dia com um sorriso apesar de ter começado atribulado fantástico adorei👏👏👏

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  3. Muito bom Sónia 😊 Parabéns! Ver o mundo através dos teus olhos e sentir a tua alegria a cada conquista é maravilhoso ❤️ Obrigada pela partilha 😘

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  4. Excelente partilha, texto e fotos.
    Continua a pudalari!

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